Transportadores britânicos não conseguem contratar motoristas

A falta de motoristas profissionais para operações no transporte de cargas está se tornando um problema muito sério em muitos países. Tanto, que alguns supermercados do Reino Unido não conseguem repor os produtos nas prateleiras. Uma matéria publicada pelo portal euronews nesta semana mostra o que os britânicos estão enfrentando.

“No Reino Unido as prateleiras vazias dos supermercados dão conta da crise que se verifica na cadeia de abastecimento. No cerne do problema está a falta de motoristas de caminhões, em parte devido ao Brexit, mas também à pandemia. Os efeitos estão sendo sentidos por todo o lado, do comércio local até às grandes cadeias de supermercados. Os peritos afirmam que o pior está para vir, a não ser que o governo autorize que mais motoristas estrangeiros trabalhem no Reino Unido”, afirma o correspondente da euronews em Londres, Tadgh Enright.

Estimativas apontam que o Reino Unido tem 100 mil caminhoneiros a menos do que deveria ter, e devido ao Brexit, as cargas estrangeiras tem ficado muito tempo esperando para poder ingressar no país, fazendo com que muitas mercadorias estraguem antes mesmo de serem colocadas à venda.

“O supermercado Tesco afirma que estão tendo problemas com desperdícios alimentares pois não conseguem fazer os produtos passar pelo sistema rapidamente. Penso que vamos assistir a muitos problemas deste tipo nas próximas semanas e meses porque existe falta de motoristas e isso vai levar muito tempo para ser resolvido, pois há milhares que precisam ser treinados”, afirma o especialista Bryan Roberts.

Muitos caminhoneiros que foram demitidos durante a pandemia, aproveitaram para buscar outras profissões, longe do volante de caminhões. Além disso, por quase um ano, não houve emissão de novas carteira de motorista profissionais, já que os centros de treinamento estavam fechados pela pandemia.

Recentemente, como forma de reduzir o problema, o governo flexibilizou as regras de direção para os motoristas de caminhão, que agora podem trabalhar até 15 horas por dia. Mas a maioria se recusa a enfrentar jornadas tão longas. Além disso, o tempo em excesso nas estradas pode aumentar o número de acidentes.

“Temos que encorajar alguns condutores qualificados a regressarem à profissão como uma medida de emergência. E sim, gostaríamos de ver motoristas europeus regressarem a este país. É preciso acrescentá-los à lista de profissões em falta ou dar vistos de curta duração para poderem trabalhar aqui”, defende Rod Mckenzie, da Associação de Transporte Rodoviário de Mercadorias.

Apesar disso, não existe nenhuma movimentação do governo britânico para permitir a entrada de motoristas estrangeiros no pais. O que foi feito, como uma medida rápida, foi ampliar a capacidade de formação de novos motoristas, para colocar mais caminhoneiros nas estradas, mas essa medida não vai surtir nenhum efeito imediatamente.

Rafael Brusque – Blog do Caminhoneiro