MP vai ouvir testemunhas e enfermeira que não injetou em idosa o líquido da vacina contra Covid-19 na 1ª tentativa
Filha da paciente de 88 anos filmou a situação e diz que, após questionar a profissional, ela aplicou a dose. Secretaria de Saúde afastou profissional da campanha de vacinação.

A promotora de Justiça Marlene Nunes Bueno, que investiga o caso da idosa que foi picada para ser vacinada contra a Covid-19 mas não recebeu a dose na 1ª tentativa, informou que vai ouvir a enfermeira que fez o procedimento, a filha da paciente como testemunha e servidores da Secretaria Municipal de Saúde. A profissional foi afastada da campanha de vacinação.
O caso aconteceu na quarta-feira (10) em um ponto de vacinação drive-thru de Goiânia. Uma filha de Floramy de Oliveira Jordão, de 88 anos, filmava o momento e acabou registrando quando a enfermeira enfia a agulha no braço da paciente e, em seguida, retira sem injetar a vacina. Segundo a família, só depois de a parente questionar a profissional, a idosa recebeu a dose.
Em coletiva realizada na quinta-feira (11), a promotora de Justiça disse que no primeiro momento os elementos do vídeo se revelaram bastante sérios, mas só a investigação poderá apontar se houve ou não intenção da enfermeira em guardar a vacina na seringa para uso posterior, como venda ou aplicação em outras pessoas.
"[Vamos] designar perícia naquelas imagens, ou seja, no sentido de profissionais da área descreverem aquela circunstância. Ora, sabemos pelas imagens o que se passou, mas é importante que enfermeiros descrevam aquela sequência de conduta. Naturalmente, iremos buscar de forma muito objetiva se há registro na prática da enfermagem de situações assim, de não ser injetado o líquido", explicou a promotora sobre o objetivo da perícia.
Segundo Marlene Nunes, todas as hipóteses serão profundamente apuradas.
"Vamos identificar o que ela quis com isso, o que estava por trás da atitude. Estamos diante de um caso de má fé, criminoso, ou diante de uma situação de displicência, descuido? É um grande desafio. A investigação busca levantar esses elementos", pontua.
A promotora de Justiça afirmou que há uma parceria entre a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia e profissionais de enfermagem de uma universidade para a vacinação em massa. Em nota, a pasta reforçou que não houve prejuízo à idosa, pois ela foi vacinada imediatamente, e que abriu processo administrativo para investigar a situação.
A aposentada Luciana Jordão, de 57 anos, levou a mãe para ser vacinada contra a Covid-19 em um dos pontos que as doses estão sendo aplicadas em idosos, em Goiânia. Segundo a filha, quando chegou a vez de a mãe ser imunizada, ela decidiu filmar para mostrar o momento aos netos dela.
Foi quando a aposentada notou que a enfermeira que fez a aplicação não injetou o líquido que estava na seringa como deveria.
“Ela simplesmente enfiou a agulha na minha mãe, tirou e ficou com a seringa para cima. Aí eu falei: ‘Foi muito rápido’. Quando eu olhei para cima, o líquido estava todinho na seringa. Ela não injetou a vacina na minha mãe. Aí eu falei para ela: ‘O líquido está todinho aí, você não vacinou a minha mãe’”, contou.
Luciana relatou que a enfermeira respondeu que havia vacinado, mas, ao ser confrontada sobre o líquido estar na seringa, pediu desculpas e disse que não tinha percebido.
“Ela olhou, pediu desculpa, disse que ela tinha se esquecido de injetar, foi e picou minha mãe, vacinou minha mãe novamente. Eu fiquei prestando atenção, e aí ela realmente vacinou”, afirmou a aposentada.
O neto da idosa, Bruno Jordão, de 32 anos, conta que sugeriu que a mãe gravasse o momento da vacinação justamente para garantir que a dose fosse aplicada. Ainda segundo ele, a enfermeira chegou a questionar a filha da idosa se ela iria filmar ou apenas tirar uma foto. "Aí minha mãe disse que ia apenas fotografar, mas, na verdade, ela filmou", conta.
O servidor público acredita que esse tipo de situação pode estar acontecendo com várias pessoas.
“Com certeza está acontecendo isso. Imagina quantas pessoas não estão sendo vacinadas. A gente estava receoso disso acontecer. Por isso, minha mãe filmou. Resolvemos divulgar para a imprensa. As pessoas precisam ser alertadas sobre isso", afirma Bruno.
*Com Informações G1.
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