Chanceler de Lula avisa governo Trump que está nos EUA para negociar tarifaço

Mauro Vieira desembarcou em Nova York no domingo (27/7).

Chanceler de Lula avisa governo Trump que está nos EUA para negociar tarifaço

chanceler de Lula, Mauro Vieira, avisou o governo Trump que está nos Estados Unidos para negociar o tarifaço sobre importações brasileiras, previsto para entrar em vigor na próxima sexta-feira (1º/8). A medida ameaça impor uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros exportados ao país, e a missão do ministro das Relações Exteriores é tentar evitar esse impacto às vésperas do prazo final.

Vieira desembarcou em Nova York no domingo (27/7), onde participa de uma conferência da ONU, mas já sinalizou que pode seguir para Washington, caso o governo norte-americano escale um interlocutor de “alto nível” para tratar diretamente do tema. Segundo fontes do Itamaraty, o gesto é uma tentativa de destravar o impasse e abrir um canal de diálogo com a Casa Branca.

Ainda de acordo com diplomatas brasileiros, o chanceler de Lula avisou o governo Trump da disposição para tratar exclusivamente de questões comerciais, longe de interferências políticas. Apesar disso, nos bastidores, auxiliares do presidente Joe Biden — que deixou a Casa Branca após as eleições controversas — ainda mantêm cautela e resistem a reabrir o diálogo, sobretudo diante de críticas do próprio Donald Trump ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O alerta do governo brasileiro é claro: sem negociação, o tarifaço pode prejudicar significativamente a balança comercial entre os dois países. E a comparação com a União Europeia pesa: no mesmo domingo, EUA e UE fecharam um acordo que evitou uma sobretaxa de 30%, fixando tarifas em 15%. Isso gerou um alívio nos mercados globais, mas também aumentou a pressão sobre o Brasil.

“Se a parte americana demonstrar interesse, o chanceler está disposto a tratar de tarifas, como temos reiterado desde a primeira carta do presidente Trump”, revelou uma fonte da cúpula do Itamaraty à imprensa, sob reserva.

Em nota oficial, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços reforçou que o Brasil está aberto ao diálogo e defende uma abordagem técnica e transparente. “Reiteramos que a soberania do Brasil e o estado democrático de direito são inegociáveis. No entanto, o governo brasileiro continua e seguirá aberto ao debate das questões comerciais”, diz o comunicado.

O texto ainda destaca que Brasil e EUA mantêm relações comerciais de alto nível há mais de dois séculos e que a intenção de Lula é preservar e fortalecer essa parceria histórica, longe de interferências judiciais ou ideológicas.

Até agora, Washington não respondeu oficialmente à carta enviada em maio solicitando a abertura de negociações.

*Com informações do O Globo